(ENEM PPL - 2017) O mundo mudou O mundo mudou. O mundo mudou porque est sempre mudando. E sempre estar, at que um dia chegue o seu alardeado fim (se que chegar). Hoje vivemos protegidos por muitos cuidados e paparicos, sempre sob a forma de servios, e desde que voc tenha dinheiro para us-los, claro. Carro quebrou na marginal? Relaxe, o guincho da seguradora vir em minutos resgat-lo. Tem dificuldade de locomoo? Espere, a empresa area dispor de uma cadeira de rodas para lev-lo ao terminal. Surgiu uma goteira no seu chal em plenas frias de vero? Calma, o moo que conserta telhados est correndo para l agora. Vai ficando para trs um outro mundo de iniciativas, de gestos solidrios, de amizade, de improvisao (sim, quem no improvisa se inviabiliza, eu diria, parafraseando Chacrinha). Estamos criando uma gerao que no sabe bater um prego na parede, trocar um botijo de gs, armar uma rede. , o mundo mudou sim. S nos resta o telefone do SAC, onde gastaremos nossa blis com improprios ao vento; ou o site da loja de eletrodomsticos onde ningum tem nome (que saudade dos Reginaldos, Edmilsons e Velosos!). Ligaremos para falar com a nossa prpria solido, a nossa dependncia do mundo dos servios e a nossa incapacidade de viver com real simplicidade, soterrados por senhas, protocolos e pendncias vs. Nem Kafka poderia sonhar com tal mundo. ZECA BALEIRO. Disponvel em: www.istoe.com.br. Acesso em: 18 maio 2013 (adaptado). O texto trata do avano tcnico e das facilidades encontradas pelo homem moderno em relao prestao de servios. No desenvolvimento da temtica, o autor
(ENEM PPL - 2017) A arte de Lus Otvio Burnier O movimento natural do corpo segue as leis cotidianas: o menor esforo para o maior efeito. Etienne Decroux inverte a frase e cria o que, para ele, seria uma das mais importantes leis da arte: o maior esforo para o menor efeito. Se eu pedir a um ator que me expresse alegria, ele me far assim (fazia uma grande mscara de alegria com o rosto), mas se eu cobrir o seu rosto com um pano ou uma mscara neutra, amarrar seus braos para trs e lhe pedir que me expresse agora a alegria, ele precisar de anos de estudo, dizia. CAFIERO, C. Revista do Lume, n. 5, jul. 2003. No texto, Carlota Cafiero expe a concepo elaborada por Etienne Decroux, que desafia o ator a estabelecer uma comunicao com o pblico sem as expresses convencionais, por meio da
(ENEM PPL - 2017) Sou um homem comum brasileiro, maior, casado, reservista, e no vejo na vida, amigo nenhum sentido, seno lutarmos juntos por um mundo melhor. Poeta fui de rpido destino Mas a poesia rara e no comove nem move o pau de arara. Quero, por isso, falar com voc de homem para homem, apoiar-me em voc oferecer-lhe meu brao que o tempo pouco e o latifndio est a matando [...] Homem comum, igual a voc, [...] Mas somos muitos milhes de homens comuns e podemos formar uma muralha com nossos corpos de sonhos e margaridas. FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 2013 (fragmento). No poema, ocorre uma aproximao entre a realidade social e o fazer potico, frequente no Modernismo. Nessa aproximao, o eu lrico atribui poesia um carter de
(ENEM PPL - 2017) Orgulho de ser nordestino: esse o lema de uma das torcidas organizadas do Cear a Cangaceiros Alvinegros que retrata bem qual o sentimento dos torcedores desse clube, um dos mais expressivos do Nordeste. H entre os torcedores aqueles que torcem apenas para o Cear e aqueles que torcem por um time do Sudeste tambm. Estes so denominados de torcedores mistos, e estamos definindo aqui como pertencentes ao campo da bifiliao clubstica. Em geral, a bifiliao clubstica permite que torcedores se engajem aos times do Rio de Janeiro, por exemplo, sobretudo pela histrica projeo poltica e posteriormente miditica da ento capital do Brasil. Contudo, no interior da Cangaceiros Alvinegros, sustenta-se a autoafirmao como nordestinos, rechaando aqueles que deixam de torcer pelo time local para se apegarem aos clubes mais distantes. Ao serem questionados sobre como encaravam a bifiliao, um dos diretores da Cangaceiros foi enftico ao afirmar: Voc j viu algum paulista ou carioca torcer pra time do Nordeste? Ento por que eu vou torcer pra time do Sul?. CAMPOS, F.; TOLEDO, L. H. O Brasil na arquibancada: notas sobre a sociabilidade torcedora.Revista USP, n. 99, set.-out.-nov. 2013 (adaptado). O texto apresenta duas prticas distintas de filiao aos clubes de futebol. Nesse contexto, o significado expressado pelo lema Orgulho de ser nordestino representa o(a)
(ENEM PPL - 2017) O exerccio da crnica Escrever prosa uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; no a prosa de um ficcionista, na qual este levado meio a tapas pelas personagens e situaes que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se diante de sua mquina, acende um cigarro, olha atravs da janela e busca fundo em sua imaginao um fato qualquer, de preferncia colhido no noticirio matutino, ou da vspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. MORAES, V. Para viver um grande amor: crnicas e poemas. So Paulo: Cia. das Letras, 1991. Nesse trecho, Vinicius de Moraes exercita a crnica para pens-la como gnero e prtica. Do ponto de vista dele, cabe ao cronista
(ENEMPPL - 2017) No processo de criao da capa de uma revista, parte importante no s destacar o tema principal da edio, mas tambm captar a ateno do leitor. Com essa capa sobre os desastres naturais, desperta-se o interesse do leitor ao se apresentar uma ilustrao com impacto visual e uma parte verbal que agrega ao texto um carter
(ENEM PPL - 2017) Entrei numa lida muito dificultosa. Martrio sem fim o de no entender nadinha do que vinha nos livros e do que o mestre Frederico falava. Estranheza colosso me cegava e me punha tonto. Acho bem que foi desse tempo o mal que me acompanha at hoje de ser recanteado e meio mocorongo. Com os meus, em casa, conversava por trinta, tinha ladineza e entendimento. Na rua e na escola nada; era completamente afrsico. As pessoas eram bichos do outro mundo que temperavam um palavreado grego de tudo. J sabia ajuntar as slabas e ler por cima toda coisa, mas descrencei e perdi a influncia de ir escola, porque diante dos escritos que o mestre me passava e das lies marcadas nos livros, fiquei sendo um quarta-feira de marca maior. Alvio bom era quando chegava em casa. BERNARDES, C.Rememrias dois. Goinia: Leal, 1969. O narrador relata suas experincias na primeira escola que frequentou e utiliza construes lingusticas prprias de determinada regio, constatadas pelo
(ENEM PPL - 2017) Tenho visto criaturas que trabalham demais e no progridem. Conheo indivduos preguiosos que tm faro: quando a ocasio chega, desenroscam-se, abrem a boca e engolem tudo. Eu no sou preguioso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorvel nas seguintes. Depois da morte do Mendona, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para alm do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamaes. Minhas senhoras, Seu Mendona pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora isto. E quem no gostar, pacincia, v justia. Como a justia era cara, no foram justia. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidlis, paraltico de um brao, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhes, juiz. Violncias midas passaram despercebidas. As questes mais srias foram ganhas no foro, graas s chicanas de Joo Nogueira. Efetuei transaes arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e no prestei ateno aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim comps sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito tambm publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe poltico local. Em consequncia mordeu-me cem mil ris. RAMOS, G. So Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1990. O trecho, de So Bernardo, apresenta um relato de Paulo Honrio, narrador-personagem, sobre a expanso de suas terras. De acordo com esse relato, o processo de prosperidade que o beneficiou evidencia que ele
(ENEM PPL - 2017) Os esportes podem ser classificados levando em considerao critrios como a quantidade de competidores e a interao com o adversrio. Os chamados Esportes individuais em interao com o oponente so aqueles em que os atletas se enfrentam diretamente, tentando alcanar os objetivos do jogo e evitando, concomitantemente, que o adversrio o faa, porm sem a colaborao de um companheiro de equipe. Os Esportes coletivos em interao com o oponente so aqueles nos quais os atletas, colaborando com seus companheiros de equipe, de forma combinada, enfrentam-se diretamente com a equipe adversria, tentando atingir os objetivos do jogo, evitando, ao mesmo tempo, que os adversrios o faam. GONZALEZ, R J. Sistema de classificao de esportes com base nos critrios: cooperao, interao com o adversrio, ambiente, desempenho comparado e objetivos tticos da ao.EFDeportes, n. 71, abr. 2004. So exemplos de esportes individuais em interao com o oponente e esportes coletivos em interao com o oponente, respectivamente,
(ENEMPPL - 2017) Recusei a mo de minha filha, porque o senhor ... filho de uma escrava. Eu? O senhor um homem de cor!... Infelizmente esta a verdade... Raimundo tornou-se lvido. Manoel prosseguiu, no fim de um silncio: J v o amigo que no por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas por tudo! A famlia de minha mulher sempre foi muito escrupulosa a esse respeito, e como ela toda a sociedade do Maranho! Concordo que seja uma asneira; concordo que seja um prejuzo tolo! O senhor porm no imagina o que por c a preveno contra os mulatos!... Nunca me perdoariam um tal casamento; alm do que, para realiz-lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de no dar a neta seno a um branco de lei, portugus ou descendente direto de portugueses! AZEVEDO, A. O mulato. So Paulo: Escala, 2008. Influenciada pelo iderio cientificista do Naturalismo, a obra destaca o modo como o mulato era visto pela sociedade de fins do sculo XIX. Nesse trecho, Manoel traduz uma concepo em que a
(ENEM PPL - 2017) O jornal vai morrer. a ameaa mais constante dos especialistas. E essa nem uma profecia nova. H anos a frase repetida. Experincias so feitas para atrair leitores na era da comunicao nervosa, rpida, multicolorida, performtica. Mas o que o jornal? Onde mora seu encanto? O que sedutor no jornal ser ele mesmo e nenhum outro formato de comunicao de ideias, histrias, imagens e notcias. No tempo das muitas mdias, o que precisa ser entendido que cada um tem um espao, um jeito, uma personalidade. Quando surge uma nova mdia, h sempre os que a apresentam como tendncia irreversvel, modeladora do futuro inevitvel e fatal. Depois se descobre que nada substitudo e o novo se agrega ao mesmo conjunto de seres atravs dos quais nos comunicamos. Os jornais vo acabar, garantem os especialistas. E, por isso, dizem que preciso fazer jornal parecer com as outras formas da comunicao mais rpida, eletrnica, digital. Assim, eles morrero mais rapidamente. Jornal tem seu jeito. imagem, palavra, informao, ideia, opinio, humor, debate, de uma forma s dele. Nesse tempo to mutante em que se tuta para milhares, que retutam para outros milhares o que foi postado nos blogs, o que est nos sites dos veculos on-line, que chance tem um jornal de papel que traz uma notcia esttica, uma foto parada, um infogrfico fixo? Ter mais chance se continuar sendo jornal. LEITO, M. Jornal de papel.O Tempo, n. 5 684, 8 jul. 2012 (adaptado). Muito se fala sobre o impacto causado pelas tecnologias da comunicao e da informao nas diferentes mdias. A partir da anlise do texto, conclui-se que essas tecnologias
(ENEM PPL - 2017) Inovando os padres estticos de sua poca, a obra de Pablo Picasso foi produzida utilizando caractersticas de um movimento artstico que
(ENEM PPL - 2017) O ltimo refgio da lngua geral no Brasil No corao da Floresta Amaznica falada uma lngua que participou intensamente da histria da maior regio do Brasil. Trata-se da lngua geral, tambm conhecida como nheengatu ou tupi moderno. A lngua geral foi ali mais falada que o prprio portugus, inclusive por no ndios, at o ano de 1877. Alguns fatores contriburam para o desaparecimento dessa lngua de grande parte da Amaznia, como perseguies oficiais no sculo XVIII e a chegada macia de falantes de portugus durante o ciclo da borracha, no sculo XIX. Lngua-testemunho de um passado em que a Amaznia brasileira alargava seus territrios, a lngua geral hoje falada por mais de 6 mil pessoas, num territrio que se estende pelo Brasil, Venezuela e Colmbia. Em 2002, o municpio de So Gabriel da Cachoeira ficou conhecido por ter oficializado as trs lnguas indgenas mais usadas ali: o nheengatu, o banua e o tucano. Foi a primeira vez que outras lnguas, alm do portugus, ascendiam condio de lnguas oficiais no Brasil. Embora a oficializao dessas lnguas no tenha obtido todos os resultados esperados, redundou no ensino de nheengatu nas escolas municipais daquele municpio e em muitas escolas estaduais nele situadas. fundamental que essa lngua de tradio eminentemente oral tenha agora sua gramtica estudada e que textos de diversas naturezas sejam escritos, justamente para enfrentar os novos tempos que chegaram. NAVARRO, E.Estudos Avanados, n. 26, 2012 (adaptado). O esforo de preservao do nheengatu, uma lngua que sofre com o risco de extino, significa o reconhecimento de que
(ENEM PPL - 2017) dia de festa na roa. Fogueira posicionada, caipiras arrumados, barraquinhas com quitutes suculentos e bandeirinhas de todas as cores enfeitando o salo. Mas o ponto mais esperado de toda a festa sempre a quadrilha, embalada por msica tpica e linguajar prprio. Anarri, alavant, balanc de damas e tantos outros termos agitados pelo puxador da quadrilha deixam a festa de So Joo, comemorada em todo o Brasil, ainda mais completa. Embora os festejos juninos sejam uma herana da colonizao portuguesa no Brasil, grande parte das tradies da quadrilha tem origem francesa. E muita gente dana sem saber. As influncias estrangeiras so muitas nas festas dos trs santos do ms de junho (Santo Antnio, no dia 13, e So Pedro, no dia 29, completam o grupo). O chang de damas nada mais do que a troca de damas na dana, do francs changer. O alavant, quando os casais se aproximam e se cumprimentam, tambm francs, e vem de en avant tous. Assim tambm acontece com o balanc, que tambm vem de bailar em francs. SOARES, L. Disponvel em: http://gazetaonline.globo.com. Acesso em: 30 jun. 2015 (adaptado) Ao discorrer sobre a festa de So Joo e a quadrilha como manifestaes da cultura corporal, o texto privilegia a descrio de
(ENEMPPL - 2017) O comportamento do pblico, em geral, parece indicar o seguinte: o texto da pea de teatro no basta em si mesmo, no uma obra de arte completa, pois ele s se realiza plenamente quando levado ao palco. Para quem pensa assim, ler um texto dramtico equivale a comer a massa do bolo antes de ele ir para o forno. Mas ele s fica pronto mesmo depois que os atores deram vida quelas emoes; que cengrafos compuseram os espaes, refletindo externamente os conflitos internos dos envolvidos; que os figurinistas vestiram os corpos sofredores em movimento. LACERDA, R. Leitores. Metfora, n. 7, abr. 2012. Em um texto argumentativo, podem-se encontrar diferentes estratgias para guiar o leitor por um raciocnio e chegar a determinada concluso. Para defender sua ideia a favor da incompletude do texto dramtico fora do palco, o autor usa como estratgia argumentativa a